No mês da Consciência Negra, Ser Poeta lança Poesias Quilombeiras
Livro de estreia do escritor Fêh Calheiro traz uma série de poemas que transmitem identidade e resistência

Poesias Quilombeiras, primeiro livro do escritor, compositor e diretor teatral Fernando Calheiro — o Fêh Calheiro —, será lançado hoje, 18 de novembro, em Bom Jesus da Lapa. Marcado pela proximidade com o Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, o lançamento ocorrerá na Casa da Cultura Prof. Antônio Barbosa às 19h desta sexta-feira.
Além da presença do autor, que estará autografando os exemplares, o lançamento contará com a música do cantor e compositor Paulo Araújo, artista lapense que já teve participação na trilha sonora da novela nacional Velho Chico, com a canção I-Margem. Também estão confirmadas as presenças do prefeito de Bom Jesus da Lapa, Fabio Nunes; a secretária de Assistência Social do município, Juliana Vaz; membros do Coletivo Marilene Matos, de questões étnicas, culturais e educacionais; além do público geral e professores e alunos de seis escolas quilombolas convidadas a prestigiar o evento.
“Costumo dizer que Poesias Quilombeiras é meu quinto filho. Quando era apenas eu escrevendo, seja no papel ou computador, era visível que estava produzindo algo bonito, mas não foi nada comparado a quando recebi o livro nas mãos pela primeira vez. A sensação me lembrou o nascimento do meu primeiro filho. É algo mágico. Ainda mais estar lançando uma obra com esse título, justamente, neste mês, que é todo dedicado à Consciência Negra, e numa cidade interiorana, onde existem mais de cem quilombos registrados. Espero que o lançamento seja algo grandioso na cidade. Quem tiver a oportunidade de ter o livro vai se identificar em cada poesia”, conta Calheiro.
A obra, que lança o escritor no mundo das publicações, traz as características-chave da literatura afro-brasileira; são versos, rimas e histórias carregados de identidade, que apresentam vários rostos e propõem uma leitura poética, imersiva e reflexiva. “Trata-se do fortalecimento dessa identidade do povo negro; nossa resistência e nossa herança. No livro, trago tudo o que vi e vivenciei nos quilombos que visitei, enalteço a beleza e importância do bom e velho Rio São Francisco, e falo sobre as crenças, tradições e religiosidades de Bom Jesus da Lapa, a nossa ‘Capital Baiana da Fé’”, destaca.
São 50 poemas que, através das palavras e singularidade do autor, rompem com a invisibilidade negra nos mais variados cenários da sociedade. Além da escrita dos textos, o artista também trabalhou no projeto como ilustrador, criando para cada poema uma arte.
À frente da Diretoria de Promoção de Igualdade Racial, Calheiro conta ainda que Poesias Quilombeiras começou a nascer durante as visitas as quais realizou nos quilombos da região, com o propósito de trazer projetos para as comunidades. Conforme ia convivendo e conhecendo sobre a realidade do povo quilombola, os registros foram sendo colocados no papel. Quem apresentou o escritor para a Ser Poeta foi o amigo, e também autor, Celo Cardoso. E com o constante apoio da esposa, os poemas finalmente ganharam o formato de livro.
Literatura afro-brasileira é destaque no mês da Consciência Negra
20 de novembro é a data que, desde o início da década de 1970, se celebra o Dia da Consciência Negra. Marco da morte de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, maior símbolo de resistência à escravidão no período colonial, o dia é voltado para o reforço das lutas diárias pela igualdade racial no Brasil. Com isso, o mês de novembro também é dedicado a relembrar e valorizar a cultura e história afro-brasileira no país.
“Não apenas projetos literários, mas todo o tipo de projeto artístico que fortaleça a nossa identidade, a nossa resistência e a nossa luta são fundamentais. Por isso é de extrema importância que estejamos sempre produzindo e os apresentando, tanto nas escolas como em todo o local em que tivermos a oportunidade. O sistema camufla a nossa ancestralidade, e temos que bater de frente; não com agressividade, mas com criatividade, com a arte”, pontua Calheiro.
Desde 2003, através da Lei 10.639/03, é obrigatório o ensino da literatura afro-brasileira nas escolas, pensando na pluralidade de existências. Tal literatura traz consigo fortes características de identidade e resistência negra, desde a construção linguística até os temas, personagens e ritmo; e cada vez mais vem preenchendo os espaços na sociedade. Este também é o plano de Fêh Calheiro, que já busca levar Poesias Quilombeiras para outros municípios da região e, principalmente, para a sua cidade natal, Salvador.
O livro terá seu lançamento oficial no dia 18 de novembro e também pode ser adquirido no site da Ser Poeta através do link: bit.ly/PoesiasQuilombeiras. Acompanhe todas as atualizações aqui no Blog da Editora e também nas redes sociais: @editoraserpoeta.
Texto e correção:Ariadne Marcelino
Edição de foto: Dayvton Almeida









