FESTA DA MÃE DAS ÁGUAS DO RIO/Moreno Tem Cultura

A intolerância religiosa é inaceitável e é necessário respeitar manifestações individuais ou coletivas de fé, além de resgatar o culto religioso de matrizes africanas, valorizando a cultura negra. Com esse intuito, surgiu a Festa da Mãe das Águas do Rio (Odun Ìyá Omi Odò) na cidade do Moreno, em 2013. A festa foi fundada por pai Alan de Oxalá em parceria com sua esposa Ìyálòrìsà Zélia da Oya T´Ògún, passando a ser incluída no calendário cultural e religioso do município, fortalecendo o turismo local e gerando empregos informais temporariamente. O evento acontece todos os anos no dia 16 de julho, com concentração na Praça da Bandeira.
“Tudo começou quando me descobri negro, compromissado em representar e lutar pela valorização dos meus ancestrais, da minha cultura e da tradição. Não escolhi a religião, mas foi ela que me escolheu com muito orgulho. Mesmo diante de tantas adversidades, eu me mantenho firme na fé, levantando esta bandeira na esperança e crença de que estou contribuindo na formação de gerações futuras, para que todas as pessoas possam viver em paz e harmonia, independentemente de sua cor, raça, condição social, sexual ou religiosa”, diz pai Alan de Òsàlá, que é coordenador e responsável por toda a infraestrutura, organização e execução do evento.
Uma festa tradicional do terreiro levada para ser comemorada em praça pública, o que a princípio causou estranheza na população. Mas isso é coisa do passado: a cada ano que se passa, o público aumenta consideravelmente, despertando nas pessoas a importância de uma convivência pacífica, independentemente FESTA DA MÃE DAS ÁGUAS DO RIO da cor da pele, da opção religiosa ou do credo, contribuindo para o fim do racismo. Assim, a população afrodescendente tem a oportunidade de homenagear seus ancestrais com o Culto ao Orixá Oxum. O evento oferece apresentações culturais, oficinas temáticas, rituais litúrgicos de preparação dos festejos (participação restrita de adeptos da religião) e ação cidadania (aferição da pressão e glicemia, vacinação, panfletagens na área de saúde, orientação e atualização de dados cadastrais junto ao CRAS e CREAS, entre outros). Já o ponto alto da festa consiste no xirê (roda) em homenagem ao orixá Oxum, através de cantos, danças e entrega de presentes nas águas do rio Jaboatão, que corta a cidade do Moreno. Vale salientar: não é permitida a participação de pessoas com trajes inadequados, consumo de bebidas alcoólicas, uso de fumo e atitudes incompatíveis com o ritual.
Em 2020, a Festa da Mãe das Águas do Rio não aconteceu devido à pandemia da COVID-19, mas foi contemplada com o apoio cultural com recursos da lei Aldir Blanc, fazendo com que esse belíssimo evento esteja agora registrado no 1º Catálogo Cultural da cidade do Moreno. “Um reconhecimento público que surge de um árduo e doloroso trabalho de valorização cultural e religiosa do meu povo, que foi escravizado e, mesmo assim, contribuiu na formação e no crescimento deste país. Além da formação de uma sociedade mais justa, menos preconceituosa e discriminatória, mais tolerante com capacidade de amar o próximo ao entender que somos iguais nas diferenças”, fala pai Alan de Oxalá.
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Texto: Koanna K. Pontes
Foto: Editora Ser Poeta
Revisão: Ludmila Crusoé









